Barcelona acabou de cravar uma estaca no coração dos aluguéis de curta duração ao decretar: Barcelona vai banir totalmente plataformas como Airbnb e similares até 2029. A notícia pegou muita gente de surpresa, mas a cidade já vinha apertando o cerco há tempos. Desde 2014, novas licenças estavam congeladas. O motivo? A explosão dos preços dos aluguéis e o sumiço de apartamentos acessíveis para quem mora e trabalha lá de verdade.
Só para dar uma ideia do tamanho do problema: entre 2018 e 2024, o valor médio do aluguel em Barcelona saltou 37%. Isso mesmo com limites e fiscalização mais pesada nesses anos. O número é muito mais alto do que a média nacional da Espanha. E não é só Barcelona. Cidades como Amsterdã também tentaram ações radicais – lá colocaram um teto de 30 noites por ano para locação de curta duração. Resultado? As ofertas caíram pela metade, mas o preço dos aluguéis disparou até 34%, praticamente triplicando o índice do país inteiro.
Se o cerco já estava apertado em Barcelona, agora ele vira lei em toda a Espanha. A partir de julho de 2025, quem quiser alugar imóvel por temporada vai ter que entrar para um registro nacional, cumprir regras novas e pagar mais impostos. E não estamos falando de troco: multas podem chegar a 600 mil euros para quem tentar burlar o sistema.
O Airbnb, que virou símbolo desse tipo de negócio, foi rápido no contra-ataque. A empresa garante que as novas leis podem colocar em risco 400 mil empregos e 30 bilhões de euros movimentados pelo turismo. Eles também alertam para um efeito colateral curioso: menos apartamentos turísticos calham de lotar cada vez mais os pontos turísticos de sempre, deixando outras áreas da cidade às moscas.
Criticado por moradores espremidos por altos aluguéis e por empresários temendo fuga de turistas, esse cenário escancara um grande abacaxi. O avanço de grandes plataformas expôs o velho conflito: até que ponto vale explorar o potencial turístico sem expulsar quem já vive ali há anos? A chamada “fenômeno das cidades vazias” virou realidade em lugares como Veneza ou Lisboa, onde muitas casas viraram hotéis improvisados enquanto bairros perdem vida local.
Barcelona ousou dar um passo que poucos tiveram coragem. Mas, olhando o que aconteceu em Amsterdã e em tantas outras cidades, a resposta ainda é um enorme ponto de interrogação: travar o Airbnb resolve o acesso à moradia ou só empurra o problema para o lado? Enquanto isso, quem vive de aluguel e quem depende do turismo sente no bolso – e na carne – cada nova regra que chega.