A clínica Mult Imagem, localizada em Santos, litoral de São Paulo, tem sido o epicentro de um turbilhão de controvérsias após duas mortes ocorrerem em circunstâncias similares durante exames de ressonância magnética. A primeira vítima, Fábio Mocci Rodrigues Jardim, de 42 anos, caiu no sono de forma permanente após um exame em 22 de outubro de 2024. Fábio era um empresário respeitado e, de acordo com sua esposa Sabrina Altenburg Penna, ele tinha hipertensão controlada e estava lutando contra a sonolência diurna, razão pela qual optou pelo exame.
O relato de Sabrina é dramático. Enquanto aguardava por notícias no saguão da clínica, ela começou a se preocupar quando percebeu a entrada de dois profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na sala de ressonância. Minutos depois, ela testemunhou o impossível: seu marido estava deitado, sendo submetido a massagem cardíaca por um dos atendentes. A informação de que a morte dele foi causada por um 'infarto fulminante' chegou como um golpe quase insuportável.
Mas o caso de Fábio não foi o primeiro a levantar suspeitas sobre os procedimentos da clínica. Em 2021, Patrik do Nascimento Silva enfrentou destino semelhante. Após um exame de ressonância para investigar problemas na coluna, Patrik também faleceu subitamente. Sua esposa, Maria Aparecida Dias de Araújo, afirmou que a clínica negligenciou procedimentos básicos de segurança antes da sedação, e a ausência de atenção adequada é, segundo ela, indiscutível.
Ambas as mortes foram registradas como 'suspeitas', provocando a intervenção das autoridades policiais. Estes casos ressaltam uma potencial falha nos protocolos de segurança e cuidado da clínica, já que a suspeita de negligência paira no ar. A clínica, por sua vez, optou pelo silêncio, não emitindo comentários sobre nenhum dos incidentes.
As famílias buscam na justiça respostas para as tragédias que lhes acometeram. A viúva de Patrik iniciou um processo contra a clínica, reivindicando não apenas uma compensação por danos, mas, mais crucialmente, a responsabilização pelos supostos lapsos que ela acredita terem sido fatais para seu marido.
O Serviço de Verificação de Óbito (SVO) em Santos classificou ambas as mortes como suspeitas, e os resultados dos exames necroscópicos de Fábio Mocci Rodrigues Jardim são aguardados para concluir a investigação. Estes resultados serão cruciais para as famílias, pois prometem fornecer algum esclarecimento sobre os últimos momentos de vida dos seus entes queridos.
Casos como esses destacam a importância de protocolos rigorosos em estabelecimentos de saúde. A expectativa é que as investigações provoquem um exame profundo dos procedimentos clínicos, não apenas na Mult Imagem, mas em instituições semelhantes que lidam com procedimentos médicos complexos e potencialmente arriscados.
Até o fechamento deste artigo, a comunidade médica local e os reguladores de saúde ainda não fizeram declarações públicas sobre esses casos. Contudo, as circunstâncias já geram debates acalorados sobre a segurança em exames de diagnóstico e a responsabilidade das clínicas em assegurar o bem-estar de seus pacientes. Enquanto isso, as famílias enlutadas anseiam por respostas e justiça.
Envolvendo-se na batalha legal com um misto de tristeza e determinação, a família de Fábio clama por esclarecimentos, revisitando todos os momentos anteriores ao exame que mudou suas vidas irremediavelmente. A busca por verdades é intensa, com cada nova descoberta potencialmente inclinando a balança entre a suspeita e a confirmação de negligência.
Enquanto o luto ainda é recente, a esperança é que estas batalhas tornem visíveis as falhas e, eventualmente, promovam mudanças que impeçam novas mortes sob circunstâncias similares. Se algo positivo pode emergir deste duplo drama, é o chamado de urgência para maior vigilância e transparência nos procedimentos médicos.