Globoplay recua e libera episódio de Chapolin Colorado com blackface
Essa história ganhou as redes e surpreendeu até quem imaginava que os clássicos da TV estavam acima de polêmicas modernas. A Globoplay, uma das maiores plataformas de streaming no Brasil, removeu do catálogo um episódio específico de Chapolin Colorado em que Roberto Gómez Bolaños surge pintado de preto, uma prática conhecida como blackface. O motivo? A tentativa inicial foi de evitar a exibição de cenas consideradas racistas, alinhando-se a pautas sociais importantes. Só que a decisão pegou mal entre fãs e especialistas em cultura.
Muitos viram a remoção como um tipo de apagamento histórico. O episódio em questão mostra Chapolin recorrendo ao blackface para se disfarçar e escapar de um pelotão de fuzilamento, dentro do humor característico do seriado criado nos anos 1970. A escolha por censurar, mesmo que parcialmente, reacendeu o debate sobre até onde devemos ir para adaptar obras antigas aos valores atuais. Nas redes sociais, o burburinho só aumentou: internautas acusaram a plataforma de tentar "apagar o passado" em vez de permitir reflexão real sobre ele.

Entre memória cultural e debates atuais
Não demorou muito para que a pressão funcionasse. Depois de manifestações de fãs, protestos em fóruns e a repercussão na mídia, a Globoplay optou por recolocar o episódio no ar, sem cortes, em julho de 2025. Para quem cresceu assistindo Chapolin Colorado, o assunto mexe com afetos e memórias afetivas, mas também evidencia como humor e racismo são temas delicados, principalmente quando vistos sob a lente do presente.
Especialistas lembram que a prática de blackface, comum em programas de comédia do século passado, hoje é amplamente rejeitada pela sociedade. Ainda assim, existem argumentos a favor da preservação das obras originais, justamente para não se perder a discussão sobre os contextos em que foram criadas. Culturalmente, tiro, porrada e bomba: uns apontam a necessidade de se posicionar diante do racismo estrutural, outros temem que a censura apague registros importantes de como as sociedades já pensaram e produziram entretenimento.
- O episódio reaberto no catálogo expõe a dificuldade que serviços de streaming enfrentam: respeitar o público moderno ou manter a íntegra das produções?
- Experiências em outros países mostram que algumas plataformas optam por avisos contextuais antes do conteúdo, admitindo a existência de temas sensíveis, mas sem edições.
- Por aqui, a escolha parece ter sido ouvir a base de fãs, mas o desconforto com a cena segue entre quem se posiciona contra qualquer tipo de racismo ou representação discriminatória.
No fim das contas, Chapolin Colorado está disponível na Globoplay, inclusive com o episódio polêmico inteiro — e não faltam olhares atentos para cada passo desse tipo de decisão. A questão abriu mais perguntas do que respostas sobre como lidamos, agora, com o que foi criado ontem.