Lanús 1 x 0 Fluminense: gol no fim complica Tricolor na Copa Sul-Americana

20

set

Lanús 1 x 0 Fluminense: gol no fim complica Tricolor na Copa Sul-Americana

O Lanús derrubou o Fluminense por 1 a 0 em La Fortaleza e abriu vantagem nas quartas de final da Copa Sul-Americana. Foi do jeito mais dolorido para o Tricolor: gol aos 44 do segundo tempo, em contra-ataque perfeito que terminou nos pés do camisa 10 Marcelino Moreno. Agora, a decisão vai ao Maracanã, terça-feira, às 21h30 (de Brasília), com os argentinos em posição confortável e os brasileiros pressionados a reagir.

O roteiro teve doses conhecidas do futebol de mata-mata sul-americano: jogo travado, poucas brechas e lampejos decidindo. No fim, pesou a frieza do Lanús na transição e a capacidade de Moreno – artilheiro da temporada do clube – de aparecer no lugar certo, na hora certa.

Como foi o jogo

Em casa, o Lanús adotou uma postura paciente. Não se atirou. Esperou os erros. Fechou os espaços por dentro e tentou acelerar quando recuperava a bola. Do outro lado, o Fluminense preferiu controlar ritmos, trocar passes e atrair o adversário para encontrar infiltrações. O problema é que as chances claras mal apareceram para os dois.

A melhor chegada tricolor no primeiro tempo nasceu de uma combinação simples: passe limpo na entrada da área e finalização de primeira. Nonato recebeu em boa condição e soltou a perna, mas o zagueiro Izquierdoz se atirou na bola e fez um corte providencial, do tipo que vale gol. Foi o lance que mais arrancou suspiros dos visitantes antes do intervalo.

O Lanús respondeu com aquilo que treinou a semana inteira: velocidade pelos lados e cruzamento buscando referência. Aquino, aberto pela direita, foi a válvula de escape. Salvio, experiente, alternou momentos por dentro e por fora para confundir a marcação. No miolo, Marcelino Moreno flutuou entre linhas, sempre pronto para receber de frente.

O segundo tempo manteve a toada de xadrez tático. O Fluminense adiantou um pouco as linhas, tentou ganhar segunda bola e empilhar escanteios, mas esbarrou num bloqueio argentino bem coordenado. No que dependia dos veteranos, Thiago Silva comandou o setor defensivo com imposição, enquanto Germán Cano se mexeu entre os zagueiros, procurando meia-ocasiões. Faltou, porém, o passe vertical que fura retranca.

Quando tudo parecia apontar para o 0 a 0, veio o contragolpe fatal. O Fluminense estava com o time à frente, buscando o gol da vitória, e deixou campo aberto nas costas. Cardoso arrancou pelo corredor central, abriu na direita para Aquino e o ponta cruzou com precisão. Salvio, bem posicionado, ajeitou de forma inteligente. Da marca do pênalti, Moreno se atirou na bola e, de carrinho, venceu o goleiro Fábio. Praticidade pura, nos minutos em que a tensão costuma decidir.

O Tricolor ainda teve uma última bola viva na área, já nos acréscimos, daquelas que pingam entre pernas e sobram para o goleador. Cano tentou uma bicicleta, mas faltou espaço e a defesa aliviou. A arquibancada argentina explodiu como se fosse classificação – e, pela vantagem construída no detalhe, não é exagero dizer que o Lanús sai do primeiro encontro em alta.

Próximo capítulo no Maracanã

Próximo capítulo no Maracanã

O duelo de volta promete. A regra é direta: a CONMEBOL não usa mais gol fora. Se o agregado terminar empatado, a decisão vai para os pênaltis, sem prorrogação. Isso coloca o Fluminense diante de um cálculo simples: vitória por dois ou mais gols garante vaga no tempo normal; triunfo por um gol leva a disputa para as penalidades; qualquer empate ou derrota elimina o time carioca.

Como virar o cenário? Intensidade e largura de campo. O Lanús mostrou que sofre pouco quando precisa defender baixo e com a área lotada. Para desmontar esse tipo de estrutura, o Fluminense vai ter de acelerar a troca de corredores, criar superioridade nas pontas e, principalmente, finalizar mais. Cruzamento por cruzamento não basta; é preciso atacar a área com pelo menos três jogadores e variar a origem dos passes.

Outra lição da ida: perder a bola com o time espalhado é convite ao contra-ataque argentino. Salvio e Aquino castigam quando têm espaço nas costas dos laterais, e Marcelino Moreno chega como elemento surpresa. Controle emocional e coberturas curtas serão vitais para não repetir o filme do 1 a 0.

Do lado do Lanús, o plano se desenha sem mistério. Linha compacta, agressividade nos duelos e transições rápidas. Izquierdoz dá segurança pelo alto e no corpo a corpo, enquanto o meio-campo fecha as linhas de passe por dentro. Se houver chance de esfriar o jogo, vão esfriar. Se aparecer oportunidade para matar, não vão titubear. É um roteiro conhecido e eficiente nesse tipo de confronto.

Há, ainda, o peso do ambiente. O Maracanã deve receber grande público, e isso costuma mudar a temperatura da partida. A energia da arquibancada empurra, pressiona a arbitragem e acelera a tomada de decisão dentro de campo. Para o Fluminense, é combustível. Para o Lanús, é teste de nervos.

Olho nos protagonistas. Marcelino Moreno vive fase goleadora e confirmou em Buenos Aires por que é tratado como jogador de mais qualidade do elenco. Salvio, com leitura e calma, deu a assistência que separa os jogos das classificações. Pelo Fluminense, Thiago Silva dita posicionamento e liderança em noites de tensão, enquanto Cano é a flecha: se a bola chegar redonda, ele decide. Nonato, que apareceu bem na entrada da área, pode ser trunfo para chutar de média distância quando a defesa fecha demais.

A chave do confronto também passa pela primeira meia hora no Rio. Se o Fluminense impõe pressão inicial e encontra um gol cedo, o desenho emocional muda e o Lanús será obrigado a sair de trás – e aí, sim, abrem-se espaços. Se o placar demorar a destravar, cresce a ansiedade e o duelo volta a favorecer a equipe argentina, que sabe sobreviver em partidas de placar curto.

No horizonte, a semifinal. Quem passar pega Alianza Lima (PER) ou Universidad de Chile (CHI). Não é pouca coisa: além do passo esportivo, há calendário, premiação e vitrine em jogo. Antes, porém, há um encontro para ajustar contas no Maracanã. A série Lanús x Fluminense ganhou contornos dramáticos com o gol aos 44 do segundo tempo. E é justamente esse tipo de história que costuma definir campeonatos continentais.