O Brasil se despede de um de seus maiores gladiadores do boxe: José Adilson Rodrigues dos Santos, ou simplesmente Maguila. O ex-boxeador faleceu na última quinta-feira, 24 de outubro de 2024, aos 66 anos. Maguila foi acometido pela encefalopatia traumática crônica (ETC), também conhecida como "demência do boxeador", condição resultante de repetidos traumas na cabeça. O anúncio de sua morte causou uma onda de comoção, não apenas no âmbito esportivo, mas em toda a sociedade brasileira. Durante 28 dias, ele esteve internado em uma clínica em Itu, no estado de São Paulo, onde lutou bravamente contra complicações de saúde antes de seu falecimento.
Conhecida como uma doença degenerativa do cérebro, a encefalopatia traumática crônica já fazia parte da vida de Maguila há 18 anos. A síndrome é comum entre atletas que praticam esportes de contato, como o boxe, e caracteriza-se por danos irreversíveis ao cérebro, muitas vezes levando a sintomas parecidos com doenças como Alzheimer e Parkinson. A valente luta de Maguila contra esta condição chamou a atenção para a necessidade de cuidados no esporte, especialmente em modalidades de contato físico intenso.
Em seus últimos dias, além de enfrentar a ETC, Maguila também descobriu um nódulo no pulmão. O tratamento foi rigoroso; ele precisou passar por um delicado procedimento de retirada de dois litros de água do pulmão. Infelizmente, não foi possível realizar uma biópsia devido ao estado avançado de sua saúde debilitada.
Nascido em 1958, em Aracaju, Sergipe, Maguila iniciou sua trajetória no boxe ainda jovem. Sua habilidade ímpar e resiliência o levaram a se tornar uma das figuras mais proeminentes do esporte no Brasil. Durante uma carreira que se estendeu por mais de duas décadas, ele conquistou importantes títulos. Entre eles, o de campeão brasileiro de 1983 a 1995, além de deter o título sul-americano de 1984 a 1993. Em 1986 e 1996, sagrou-se campeão das Américas pela WBC e da IBF, respectivamente.
Uma de suas vitórias mais lembradas ocorreu em 1995, quando derrotou o pugilista britânico Johnny Nelson para se tornar o campeão da WBC. A emoção que Maguila transmitia ao público durante suas lutas, sua determinação incansável e seu estilo de combate faziam dele um campeão não apenas nos ringues, mas também nos corações dos brasileiros.
A notícia da sua morte gerou uma avalanche de homenagens. Desde pugilistas e figuras esportivas até líderes políticos, muitos vieram a público expressar seus sentimentos. A Confederação Brasileira de Boxe lamentou profundamente a partida de Maguila, destacando suas impressionantes contribuições ao boxe e lembrando o profundo impacto que ele teve na popularização do esporte no país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também prestou homenagem ao lendário pugilista, relembrando sua jornada de sucesso e como seu carisma conquistou uma nação. O Ministério do Esporte mencionou a carreira notável de Maguila, que incluiu 85 lutas, com 77 vitórias, das quais 61 foram por nocaute. O pugilista Acelino Freitas, conhecido como Popó, também fez questão de lembrar a dedicação de Maguila ao boxe e sua bondade fora dos ringues.
A despeito de seu sucesso no ringue, Maguila sempre foi conhecido por seu carisma e generosidade fora do esporte. Utilizando sua fama, ele desempenhou um papel significativo em projetos sociais, ajudando os menos favorecidos e se tornando um símbolo de esperança para muitos.
Hoje, a partida de Maguila deixa uma lacuna não apenas no mundo do esporte, mas também na cultura brasileira como um todo. Seu legado, que se estende além das conquistas esportivas, continua a inspirar gerações dentro e fora do boxe. Sua história de vida, marcada por lutas tanto em competições quanto em âmbito pessoal, exemplifica a força e a resiliência que podem ser encontradas nas adversidades. Maguila será lembrado como uma lenda cujo impacto transcendeu os limites dos ringues, eternizando-se como um ícone do esporte nacional.
Descanse em paz, Maguila. Sua glória e generosidade continuarão a iluminar o caminho de muitos que se inspiram em sua história.